terça-feira, 19 de julho de 2011

É exatamente isso que precisamos: coisas claras

Devaneios. Sentimentos. Desabafos. (Re)começos. Assim segue a vida, compartilhando angústias com amigos, amores, ex-amores, para você mesmo... E nessa a gente aprende que a vida, a nossa vida, parafraseando Caio Fernando Abreu, "não cabe nos trilhos de um bonde". E você cresce. E passa a sentir que a 'tal' felicidade é algo...

E quando precisamos, a vida nos esclarece os fatos. E é por isso que precisamos cada vez mais de coisas, pessoas e situações claras. E seja, talvez por isso, que andamos cada vez mais só. Mas ser sozinho é bom às vezes, clareia muita coisa. A gente sente toda a dor sem descontar a frustração, ou as tentativas urgentes de ser feliz em ninguém, até entender o que acontece de fato, na cabeça e no coração. Demora a passar. Te angustia, te tira a respiração, dói o coração, mas passa. Um dia vai passar.

A ausência, o silêncio, a distancia. São fatores que machucam profundamente, mas são necessárias para a recuperação da alma, do nosso ser. Ou é isso, ou nos atiramos dentro do escuro e nos fechamos. É preciso se recuperar, para ser recuperado. Até lá a gente finge que tá tudo bem, que tá feliz. Recaídas, desesperos existem e persistem. Mas aí a gente aprende a ser forte. A gente aprende a começar a superar algo que julgamos e queremos enxergar como insuperável.

E paramos de tentar buscar a possibilidade de felicidade em outra pessoa. A felicidade está em nós mesmos. Afinal..." O que será o contrário do amor?". Mas é isso. E nessa você para de procurar, se preocupar, e o melhor de tudo, de se importar...

E começa a sentir outra vez.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sexo vende

Instinto natural e irracional de qualquer ser vivo, o sexo é artigo que sempre vende. Nada mais óbvio que usar (e abusar) dele para fins lucrativos. E qualquer objeto que é ligado ao sexo é garantia de sucesso.

Além do sexo explícito – a exemplo da indústria pornográfica – as relações que giram em torno do desejo humano vem da idealização do perfeito, do belo. A idealização corresponde a um padrão de beleza imposto, que define um corpo destinado ao consumo, associado aos apelos dos desejos, esses, dissociados do Eros*, onde a libido tem como expressão e se traduz apenas em genitália. Ou seja, no ato sexual propriamente dito. Corpos belos e sarados deixam os instintos de qualquer ser humano à flor da pele.

A banalização e objetificação do corpo pela indústria cultural é uma sacada de tempos. Qual o ‘tesão’ de relacionar a figura da mulher em propaganda de cerveja ou de carro? Ou termos um galã- herói que salva o mundo na novela das oito? Poder. Sim, o poder ainda é a grande questão relacionada a isso. A idealização de ser/ter determinado objeto está ligado ao status de poder dentro da nossa sociedade. A idealização vem a partir de um molde que nos foi imposto como uma verdade absoluta e indubitável. Ou é isso ou não é. Ter em mãos uma cerveja gelada, para o inconsciente de muitos, significa poder possuir, mesmo que apenas em seu imaginário, um padrão ideal que satisfaça o seu desejo. Vender rostos e corpos é rentável. E qualquer produto relacionado a eles, imediatamente segue essa lógica. É um valor de uso e de troca.

Furando as barreiras do discurso da propaganda, o sexo é ainda um assunto tabu nos nossos ciclos sociais. É tratado com infantilidade, com desprezo e, por muitas vezes, como pecado, graças a formação patriarcal e machista da nossa sociedade. Apesar de toda a espetacularização em torno dele, o sexo ainda precisa ser desmistificado. O fato do assunto ainda ser um mito, o torna magistral. Falar de sexo é imprescindível nos dias de hoje, seja para desmascarar tabus, suprir medos e preconceitos ou simplesmente, por que falar de sexo é bom.

*Eros - palavra grega que significa amor, paixão, desejo intenso, erotismo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A terra é de quem?

Dez anos. Cem famílias. Números que chamam a atenção no caso da reintegração de posse da Fazenda Bota Velha, na cidade de Murici. As famílias estão assentadas nas terras declaradas improdutivas pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), há 10 anos. Uma vida.

Na última quinta-feira, 20, cem homens da Polícia Militar estiveram na fazenda para cumprir o mandato expedido pelo Tribunal de Justiça, de reintegração de posse. A Usina Santa Clotilde entrou com a ação no TJ ano passado, para reaver seu direito de proprietária das terras. De acordo com a CPT, a fazenda é improdutiva e as únicas lavouras existentes são cultivadas pelos assentados.

Outro caso aconteceu na cidade de Messias, quando 18 famílias assentadas na Fazenda Flor do Bosque 2 foram pressionadas pela justiça e tiverem que sair das terras, depois de três anos de morada. Além das casas erguidas, as plantações de banana, macaxeira e laranja, quase 33 hectares cultivados, ficaram para trás.

Tanta terra, poucos donos, famílias sem ter onde morar. Existe lógica? Não. E voltamos para o debate do limite de propriedade de terra. Em setembro do ano passado, as entidades que lutam pela reforma agrária abriram um plebiscito popular sobre o tema. Cerca de meio milhão de brasileiros e brasileiras votaram pelo SIM, pela limitação dos grandes latifúndios e da expansão da riqueza de poucos. A campanha, que teve abrangência em 23 estados, mostra um pouco do que os brasileiros pensam sobre o limite da propriedade privada.

O debate sobre a reforma agrária é cada vez urgente. O problema é driblar a bancada ruralista na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Divisão de bens e riquezas é um assunto delicado. Cada um olha só para o seu umbigo. É hora de mobilização popular pela democratização.

Afinal, dez anos não são dez dias.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Da luta, não me retiro...

Em qualquer dicionário você encontra a seguinte definição para a palavra movimento: ato de mover ou mover-se; agitação; evolução. Depois de quatro anos nas bancas da faculdade e da militância diária, me peguei a pensar nisso. No movimento. E na continuidade dele.

Há uma semana me aventurando no mercado que tanto critiquei e critico até hoje, comecei a ter as minhas primeiras observações, frustrações e esperanças... Comecei a entender que a lógica desse mercado hegemônico é essa mesma, não sei por que fui me surpreender. Que existem profissionais que sabem falar sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo. Esses que às vezes, não conseguem enxergar para além da notícia propriamente dita. E me frustrei ao pensar: será que depois de anos questionando, me agitando, tentando mover essa realidade coletivamente, cederei à pressão dessa lógica injusta?

Ontem ganhei um presente, simples, simbólico, mas que me fez ter esperanças. Que me fez lembrar quem eu sou e o porquê de estar aqui hoje, fazendo o que aprendi. Comunicar. Para o povo, pelo povo. Não vou abraçar o mundo, mas vou continuar me movendo para transformar essa realidade, que não é só minha. Por que eu sei que como eu, outros toparão essa jornada. Como já dizia Carlito Maia: “Nós não precisamos de muita coisa. Só precisamos uns dos outros.”

Às vezes recebemos conselhos de pessoas que estão aqui há mais tempo, mas não compreendemos de imediato a importância dessas palavras. Hoje, lembrei de algo que uma companheira, um dia me disse: “A militância não se restringe a faculdade. Vai para além dela. Vai para a vida toda.”

E nas observações na minha nova agenda, escrevi: Nunca esquecer daquilo que você se propôs. Sempre sentir. Sempre ser. Sempre amar. Da luta, não me retirar...

No dia em que eu não mais sentir, amar e lutar me enterrem, por favor. Pois estarei morta.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"O Haiti é aqui"


Você pode ter estranhado a frase do título. Mas em Murici a cena é essa mesmo: o Haiti está bem aqui. E parece que ninguém está vendo. Ou não quer ver.

No alto da cidade avistam-se as barracas. Parece um campo de refugiados. Ou melhor, um campo de isolados. Isolados da qualidade de vida, da saúde, da segurança, da educação, da dignidade de viver em uma casa habitável. As 500 barracas de lona impermeável cedidas pela defesa civil servem de “lar” para aproximadamente 4 mil pessoas, desde junho de 2010, quando dois dias de chuva foram suficientes para colocar abaixo tudo que estava nos leitos dos rios Mundaú e Paraíba, que banham 19 cidades alagoanas. Meses se passaram e as marcas deixadas pela fúria das enchentes ainda podem ser vistas e sentidas.

Na cidade de Murici, a 45 km de Maceió, as mudanças são visíveis. Poucas casas e lojas ainda existem nos arredores do rio Mundaú. A ponte que liga a cidade à área rural, quase não possuí para-peitos, que foram arrancados pelos escombros que vieram com a enxurrada. Um risco para os pedestres, que têm que dividir a rua com os carros.

A Força Nacional foi designada para garantir a segurança ostensiva da “cidade de lona”. O índice de crimes é de assustar. Assaltos, tráfico de drogas, estupros e ocorrências de violência contra a mulher, este último, em maior número. “Se a gente sair daqui, isso viraria um caos. O Haiti é aqui.” Palavras de soldados especialmente treinados para momentos de crise e que se surpreendem diariamente com a realidade. Segundo o capitão da guarnição, o trabalho tem que ser estendido para todo o município, uma vez que o policiamento na cidade é precário.

Na última terça-feira, 18, dia da minha visita à cidade, a Força Nacional, Ministério Público, Sociedade Civil e Prefeitura de Murici se reuniram para “definir competências” e tentar solucionar o caso. Espera-se uma grande ação para os próximos dias. Será que depois de sete meses, as autoridades e a população começaram a ver o que está diante dos olhos?

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Massificar a internet banda larga: permitir o acesso a quem não tem

Em recente entrevista ao programa 3 a 1 da TV Brasil, o ministro das Comunicações do governo Dilma, Paulo Bernardo confirmou que a proposta do governo federal é de massificar o acesso dos brasileiros à internet banda larga em até quatro anos. De acordo com o ministro, os detalhes para a execução do Plano Nacional de Banda Larga – o PNBL -, serão definidos em até cinco meses. Para Bernardo, “a compra de computadores no Brasil foi facilitada, mas o acesso à internet ainda é muito caro.” Com o PNBL a tendência é baratear o custeio da internet e permitir que boa parte da população tenha o acesso garantido. A notícia pode ser vista com bons olhos, no campo da inclusão digital.

Com o boom das mídias sociais, possibilitar o acesso de boa parte da população à internet aumenta a interatividade do comunicador com o receptor, que agora tem, além dos ouvidos e dos olhos, a voz. A massificação do uso da internet, auxiliado ao acesso e disseminação das novas mídias, comprova que a mobilização e participação social vêm sendo possibilitada. Isso pode ser visto no Brasil, desde o ano passado, com movimentações em prol das vítimas das chuvas em Alagoas e Pernambuco; A impressionante participação durante o período eleitoral, e recentemente, a cobertura da implantação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) no complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Todos esses assuntos, discutidos via twitter e facebook. Esses e outros momentos que repercutiram na grande mídia e ganharam ‘corpo’ na rede.

Para além do debate de qualidade ou se tal tema é relevante ou não, o que fica claro é que a internet permite que a pluralidade de opiniões, posicionamentos, gostos, cores sejam vistos, ouvidos e divulgados. Ampliar o debate para que um número maior de pessoas compreenda e participe ativamente de assuntos relacionados ao interesse coletivo, é garantir um direito constitucional: a liberdade de expressão.

O PNBL

O Plano Nacional de Banda Larga tem por objetivo massificar o acesso à internet para todos os cidadãos, instituições de governo, sociedade e para as empresas. O PNBL foi criado no intuito de gerar oportunidades para as camadas da população que não tem acesso a internet, e por assim dizer, excluídos de um novo mundo. É permitir que todos sejam incluídos digitalmente, de ter acesso ao conhecimento, à comunicação e a cultura.

E mais um blog é criado...

É, pois é. Mais um blog passa a existir na imensidão da rede. Depois de muito relutar, criticar, para finalmente, compreender a importância social dos blogs e demais redes sociais, me junto a todos aqueles que anonimamente, ou não, decidem falar para o mundo. Uma opinião, uma análise, um conto, uma história...Me junto a todos aqueles que querem falar, que querem ser ouvidos. A todos aqueles que compreendem a comunicação como direito humano.

Depois de analisar tudo isso, pensei: Eu vou, por que não?

Fran Ribeiro