sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A terra é de quem?

Dez anos. Cem famílias. Números que chamam a atenção no caso da reintegração de posse da Fazenda Bota Velha, na cidade de Murici. As famílias estão assentadas nas terras declaradas improdutivas pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), há 10 anos. Uma vida.

Na última quinta-feira, 20, cem homens da Polícia Militar estiveram na fazenda para cumprir o mandato expedido pelo Tribunal de Justiça, de reintegração de posse. A Usina Santa Clotilde entrou com a ação no TJ ano passado, para reaver seu direito de proprietária das terras. De acordo com a CPT, a fazenda é improdutiva e as únicas lavouras existentes são cultivadas pelos assentados.

Outro caso aconteceu na cidade de Messias, quando 18 famílias assentadas na Fazenda Flor do Bosque 2 foram pressionadas pela justiça e tiverem que sair das terras, depois de três anos de morada. Além das casas erguidas, as plantações de banana, macaxeira e laranja, quase 33 hectares cultivados, ficaram para trás.

Tanta terra, poucos donos, famílias sem ter onde morar. Existe lógica? Não. E voltamos para o debate do limite de propriedade de terra. Em setembro do ano passado, as entidades que lutam pela reforma agrária abriram um plebiscito popular sobre o tema. Cerca de meio milhão de brasileiros e brasileiras votaram pelo SIM, pela limitação dos grandes latifúndios e da expansão da riqueza de poucos. A campanha, que teve abrangência em 23 estados, mostra um pouco do que os brasileiros pensam sobre o limite da propriedade privada.

O debate sobre a reforma agrária é cada vez urgente. O problema é driblar a bancada ruralista na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Divisão de bens e riquezas é um assunto delicado. Cada um olha só para o seu umbigo. É hora de mobilização popular pela democratização.

Afinal, dez anos não são dez dias.

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